segunda-feira, 17 de maio de 2010

ASTRONOMIA AFRO-INDÍGENA

O conhecimento astronômico empíricodos africanos trazidos como escravos para o Brasil se misturou com o dos nativos do nosso país constituindo novas formas de saber.Apresentamos as semelhanças dos saberes desses povos e de sua utilização no cotidiano, principalmente em relação ao Sol, Lua, Vênus, Via-Láctea, Plêiades e Constelações.

A COSMOGÊNESE GUARANI
LéonCadogan
AyvuRapita: Textos Míticos de los Mbyá-Guaranidel
Guairá.


��Antes do verdadeiro Pai de Nhamandu, o Primeiro,
��Criar a sua futura moradia, durante sua evolução;
��antes de criar a primeira terra,
��Ele existia entre os ventos originários.
��Os ventos originários em que Nosso Pai existiu se alcança novamente
��toda vez que se alcança o tempo-espaço primitivo,
��toda vez que se chega ao ressurgimento do tempo-espaço primitivo.
��Enquanto termina a época primitiva, durante a floração do ipê,
��os ventos se mudam ao novo tempo-espaço:
��já surgem os novos ventos, o novo espaço;
��ocorre a ressurreição do tempo-espaço.

O Mito Africano e Indígena
da Lua e de suas duas Mulheres


��Muitos africanos e indígenas contavam que a Lua tinha duas esposas: a estrela vespertina e a estrela matutina. Eles não percebiam que eram, na realidade, o planeta Vênus, que era chamado de “Mulher da Lua”.
��Os bantos dão nomes para as duas esposas da Lua: A Estrela Matutina é Puikanie localiza-se no lado leste. Quando a Lua fica com Puikani, ela não alimenta seu marido deixando-o cada vez mais magro até desaparecer, isto é, passa de lua-cheia para lua-nova. A Estrela Vespertina é Chekechanie localiza-se no lado oeste. Quando a Lua fica com Chekechani, ela cuida de seu esposo até que ele engorde, tornando-se totalmente redondo e partindo novamente, para se encontrar com Puikani. A Lua está sempre com uma de suas mulheres e nunca com as duas juntas. Quando uma das mulheres évisível no céu, a outra não é, independente das fases da Lua.

Um mito semelhante a esse mito africano é contado por diversas etnias de indígenas que habitam o Brasil. O etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg, no início do século XX, recolheu com os Taurepang, de Roraima, também conhecidos como Taulipange Pemon, o seguinte relato da Lua e suas duas mulheres: “Kapei, a Lua, tem duas mulheres, ambas chamadas Kaiuanog, uma no leste, a outra no oeste. Sempre está com uma delas. Primeiro ele vai com uma, que lhe dá muita comida, de forma que se torna cada vez mais gordo. Então a deixa e vai com a outra, que lhe dá pouca comida e ele emagrece cada vez mais. Depois se encontra novamente com a outra, que o faz engordar, e assim por diante. A mulher do leste briga com a lua, por ciúme. Ela lhe diz: Vá para junto da outra. Então ficas outra vez gordo. Comigo não podes engordar. E ele vai para junto da outra. Por isso as duas mulheres são inimigas e ficam sempre separadas uma da outra”.

Referenciais Astronômicos

A Via-Láctea
��A Via-Láctea, esse campo de estrelas visíveis no cinturão de nossa Galáxia, ocupou uma importante posição na mitologia dos povos antigos que a viam como um lugar privilegiado para a morada de seus deuses. Ela representou o Nilo Celeste para os egípcios e o Caminho da Anta para os tupi-guarani.Muitas etnias africanas chamam a Via-Láctea de “Caminho de Estrelas” e dizem que a Via-Láctea organiza o céu e faz com que o Sol retorne ao lado leste ao amanhecer.

��De acordo com um dos mais famosos mitos africanos, a Via-Láctea foi criada por uma menina da “raça antiga” que, há muitos e muitos anos, jogou as cinzas de sua fogueira para cima, fazendo uma estrada na escuridão do céu, para guiar de volta para casa um caçador que estava perdido. Depois, a menina criou as estrelas brilhantes lançando raízes no céu, sendo que as estrelas brancas estão prontas para serem comidas, mas as vermelhas são raízes velhas, não comestíveis.

Algumas Constelações Africanas

CRUZEIRO DO SUL(GIRAFA)
ISILIMELA (PLÊIADES)
ESCADA PARA O CÉU (Três Marias)
TARTARUGAS
ANTÍLOPE (TOURO)
CASTOR, POLLUX E PROCYON (GAZELAS)
O CHACAL OU A SEMENTE ORIGINAL (POLARIS)
A GRANDE CANECA(ELEFANTE)
OSIRIS
ISIS

As Principais Constelações Sazonais Indígenas


A Constelação da Ema
A Constelação da Anta
A Constelação do Homem Velho
A Constelação do Veado
Cruzeiro do Sul
A Constelação da Canoa
A Constelação do Barco
A Constelação da Cobra
A Constelação da Cobra Grande
A Constelação do Tinguaçu
A Constelação do Nhanderu

Os mitos indígenas dos eclipses

O Eclipse Lunar:No início do tempo e do espaço, antes de se fixarem no céu, o Sol e seu irmão mais novo, a Lua, habitavam a Terra, vivendo juntos diversas aventuras. Um dia, encontraram um espírito maléfico, geralmente representado pela Onça, pescando em um rio. Com o objetivo de importunar a Onça, que não havia percebido os dois irmãos, o Sol mergulhou e mexeu o anzol, imitando um peixe grande. A Onça puxou o anzol vazio, caindo para trás.O Sol repetiu o seu gesto por três vezes e em todas elas a Onça caiu de costas. “Agora é a minha vez”, disse a Lua sorrindo.
A Lua mergulhou e foi deslizando na direção do anzol. No entanto, a Onça foi mais rápida: pescou a Lua e a matou com um bastão de madeira. Depois, levou a Lua, como se fosse um pescado, para comer com sua mulher. Quando estavam cozinhando a Lua, o Sol chegou e foi convidado pela Onça para também comer o peixe. Ele agradeceu dizendo que aceitaria apenas um pouco de caldo de milho e pediu que não jogassem fora os ossos do peixe, pois gostaria de levá-los consigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário